A prática de binge drinking entre jovens e o papel das promoções de bebidas alcoólicas : uma questão de saúde pública.

A prática de binge drinking entre jovens e o papel das promoções de bebidas alcoólicas : uma questão de saúde pública.
Zila M. Sanchez
Universidade Federal de São Paulo, Departamento de Medicina Preventiva, São Paulo-SP, Brésil
La consommation excessive d’alcool chez les jeunes Brésiliens et la promotion des boissons alcoolisées : un problème de santé publique
Un modèle de consommation à risque qui a suscité l’intérêt de la communauté internationale et, ce n’est que récemment, qu’il a commencé à être étudié au Brésil, est ce que l’on appelle la consommation excessive d’alcool, ou « consommation excessive d’alcool épisodique ». La première enquête nationale sur les habitudes de consommation d’alcool au Brésil, menée en 2005-2006, a révélé une prévalence de la TC de 28 % chez les adultes, de 40 % dans les groupes d’âge de 18 à 24 ans et de 53 % chez les adolescents. est le comportement à risque le plus répandu dans les ballades dans la ville de São Paulo-SP. Etude réalisée en 2013.
O uso nocivo do álcool é responsável por cerca de 3,3 milhões de mortes no mundo, a cada ano.1 As comparações temporais das estimativas da carga global de doenças atribuíveis a diferentes fatores de risco sugerem que as mortes e os anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (Disability-Adjusted Life Years [DALYs]) atribuídos ao álcool têm aumentado nas últimas décadas, Em nível mundial. Essas alterações levaram a um incremento na posição do álcool no ranking das principais causas de morte e de incapacidade no mundo, passando do oitavo lugar, em 1990, para o quinto lugar, em 2010. Os dados disponíveis sugerem que o uso nocivo do álcool é o principal fator de risco para morte e incapacidade de pessoas entre 15 e 49 anos de idade, em diversos países.2
Destaca-se o fato de a severidade das consequências do uso de álcool depender da frequência e das quantidades consumidas.3 Um padrão de consumo de risco que tem despertado interesse internacional e, apenas recentemente, começou a ser investigado no Brasil, é o denominado binge drinking (BD),4 ou 'beber pesado episódico'.5 Este padrão costuma se caracterizar pelo consumo de no mínimo quatro doses de álcool em uma única ocasião, para mulheres, e cinco doses para homens, o que leva a uma concentração de etanol no sangue de 0,08% ou superior.6 No entanto, a definição de BD é controversa, permeada por conflitos de conceituação influenciados pela cultura de uso e aspectos farmacocinéticos do álcool.7,8
Tais episódios de uso abusivo agudo de álcool não apenas influenciam a mortalidade geral, também contribuem para agravos à saúde, particularmente aqueles decorrentes de acidentes 9 e agressões,10 colocando em risco o intoxicado e a coletividade. Entre a população geral, o BD está associado a maiores ocorrências de abuso sexual, tentativas de suicídio, sexo desprotegido, gravidez indesejada, infarto agudo do miocárdio, overdose alcoólica, quedas, gastrite e pancreatite.11
Trata-se de uma questão todavia pouco estudada na população brasileira,12 apesar de sua relevância no campo da Saúde Pública. O primeiro levantamento nacional dos padrões de uso de álcool no Brasil, realizado em 2005-2006, identificou uma prevalência de BD no ano anterior à pesquisa de 28% em adultos, 40% nas faixas etárias de 18 a 24 anos 13 e 53% entre os adolescentes do sexo masculino.14 Estudo realizado em 2010, com estudantes do Ensino Médio das 27 capitais do país, revelou uma prevalência de 32% de prática de BD naquele ano, maior entre os adolescentes mais ricos e nas regiões Norte e Nordeste.15
Apesar de o álcool ser uma droga lícita, sua venda e fornecimento a menores de 18 anos são proibidos por lei no Brasil (Lei federal no 13.106, de 17 de março de 2015).16 Essa proibição não extinguiu a prática, tampouco o consumo do álcool entre adolescentes ; Porém, há evidências de que o aprimoramento das leis contribuiu para a redução do consumo de bebida alcoólica entre adolescentes brasileiros a partir do final da década de 1980.17
Bares e « baladas » são o principal local de escolha para a prática de BD pela população geral18 e por estudantes.19 Mundo afora, esses estabelecimentos são conhecidos como locais de consumo intenso de álcool, e de outras drogas.20 Contudo, pouca atenção tem sido dada a esses ambientes enquanto locais de risco e exposição extrema à prática de BD e de outros comportamentos associados. O beber em binge também é o comportamento de risco mais prevalente em baladas na cidade de São Paulo-SP. Estudo realizado no ano de 2013,21 entre jovens dessa cidade acessados em baladas dos mais diferentes perfis, evidenciou que cerca de 30% dos entrevistados saiu dos estabelecimentos com dosagem alcoólica no sangue equivalente à prática do BD. Nas baladas, essa prática aumentou em 9 vezes, para homens, e 5 vezes, para mulheres, a chance de sofrer apagão, ou seja, não saber o que lhes ocorreu após a saída do estabelecimento, quando comparados a « baladeiros » que beberam mas não praticaram BD. O mesmo estudo evidenciou que as baladas open bar favoreceram a prática de BD em ambos os sexos. O fato de os estabelecimentos que adotam o sistema de open bar cobrarem uma quantia fixa (em geral, baixa) e permitirem que se beba em quantidade ilimitada, por toda a noite, faz com que seus frequentadores se sintam compelidos a beber o máximo que podem, fazendo jus a seu gasto comprometido.22
A estratégia de donos e gerentes de bares e baladas é focar no estímulo ao consumo excessivo de álcool de maneira a atrair mais clientes, que, na maior parte das vezes, acabam escolhendo o estabelecimento, para o qual se dirigirão durante a noite, de acordo com as melhores ofertas de consumo de álcool.23 São exemplos desse apelo as promoções de venda de álcool que passam pela prática do open bar, consumação mínima (taxa fixa, paga na entrada do estabelecimento, que pode ser convertida em bebida alcoólica ; caso o valor não seja consumido, ele não é devolvido ao cliente), promoções como 'pague 1 e leve 2' e combos – venda combinada – de destilados (em geral, vodca) e energéticos, em que a compra da combinação de produtos acaba sendo vantajosa financeiramente, frente à venda de cada produto isolado. Cabe informar que a cobrança de consumação mínima, apesar de amplamente difundida em casas noturnas, é uma forma de venda proibida pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990),24 caracterizada pela lei como uma prática de venda abusiva porque o cliente paga o valor mínimo cobrado mesmo que não consuma o equivalente em bebida ; ou seja, paga por algo que não recebe. Nesse sentido, é fundamental que haja fiscalização para cumprimento da lei. A venda combinada de destilados e energéticos, outro exemplo de abuso, deve ser rigorosamente reprimida, além do que os energéticos mascaram os efeitos depressores da bebida e aumentam o apetite pelo álcool, estimulando o consumo de doses muito maiores do que as toleradas pelo organismo. O consumo combinado foi identificado como preditor da prática de BD.25
O open bar é a forma de venda de bebida alcoólica mais associada a um consumo intenso de álcool no país 22 e no exterior.26 No Brasil, a venda de álcool em open bar é permitida e amplamente difundida. No passado, houve a tramitação de um projeto de lei com o objetivo de proibi-la (PL nº 3414/2008), entretanto arquivado. É crucial que a sociedade passe a debater a adequabilidade desse tipo de diversão, responsável por muitas intoxicações alcoólicas, casos de estado de coma – grau máximo de alteração da consciência provocado pelo excessivo consumo – e inclusive morte.
Estudos internacionais evidenciam que o excesso de ingestão de bebidas alcoólicas nas casas noturnas e bares está associado a mais episódios de agressão física,27 comportamento sexual de risco,28 violência sexual,29 acidentes de trânsito nos arredores30 e atos violentos nas ruas, sem mencionar as diversas ocorrências de violência dentro de estabelecimentos de lazer noturno, Afetando os jovens frequentadores e a comunidade.31-32
A violência nesses estabelecimentos se manifesta nos moldes de uma relação complexa entre características pessoais dos frequentadores, padrões de consumo de álcool e outras drogas, fatores ambientais, conduta dos funcionários e tipo de local,33 e só pode ser efetivamente reduzida com a aplicação de medidas que visem diminuir a quantidade de doses de bebida alcoólica consumidas.34 Estudo realizado no ano de 2007, em contextos recreativos noturnos na Espanha, verificou que 45% de seus frequentadores haviam se embriagado mais de 2 vezes no último mês, e 23% tinham se envolvido em brigas no último ano, dentro desses estabelecimentos.27
Diante das evidências, faz-se necessária intervenção imediata para que os danos individuais e sociais decorrentes da prática de BD sejam reduzidos. Sabe-se que a melhor forma de prevenir os danos associados ao abuso de álcool em uma comunidade é a implantação de políticas públicas em diversas dimensões, sendo a taxação sobre a venda de álcool e o controle de vendas as que têm demonstrado maior sucesso, segundo estudos internacionais, seguidas de políticas de restrição severa na propaganda de bebidas alcoólicas.35 No caso dos frequentadores de bares e baladas, Políticas na forma de leis que proíbam a venda de bebida alcoólica para pessoas já embriagadas seriam importantes do ponto de vista da proteção imediata, individual e coletiva.36
Em diversos países, uma das legislações mais efetivas na prevenção dos danos causados pela intoxicação alcoólica é o controle da densidade de locais licenciados para a venda de bebidas alcoólicas, impondo-se um limite ao número de estabelecimentos que vendam álcool em cada região administrativa da cidade.37 No Brasil, um primeiro passo a ser dado seria o de estabelecer a necessidade de licença diferenciada aos estabelecimentos, Para venda de álcool. É mister que tanto o controle na expedição das licenças de venda como a taxação aumentada sobre os produtos alcoólicos sejam fiscalizados de maneira adequada, para não estimular a venda ilegal por ambulantes que se aglomeram em frente a bares e baladas, oferecendo bebidas de procedência duvidosa e a preços muitas vezes irrisórios. O controle de licenças para venda, portanto, é o passo anterior a todas as demais políticas públicas reconhecidamente efetivas, voltadas à redução dos danos associados ao abuso de álcool.
As mudanças necessárias não são de fácil consecução e podem não contar com suficiente apoio social, pois confrontam a cultura do beber ao extremo, amplamente difundida no país. Portanto, o êxito das medidas que visam regular o comércio do álcool depende, primeiramente, da escolha de políticas baseadas em evidências, além do amplo apoio público e político para que a implantação de uma legislação preventiva do consumo abusivo de álcool seja bem-sucedida no Brasil.
-
Organisation mondiale de la santé. Rapport de situation mondial sur l’alcool et la santé. Genève : Organisation mondiale de la santé ; 2014.
-
Lim SS, Vos T, Flaxman AD, Danaei G, Shibuya K, Adair-Rohani H, et al. Une évaluation comparative des risques de charge de morbidité et de blessure attribuable à 67 facteurs de risque et groupes de facteurs de risque dans 21 régions, 1990-2010 : une analyse systématique pour l’étude mondiale sur la charge de morbidité 2010. Lancette. Décembre 2012 ; 380(9859):2224-60.
-
Norström T, Ramstedt M. Mortalité et consommation d’alcool dans la population : une revue de la littérature. Examen de la toxicomanie et de l’alcool. novembre 2005 ; 24(6):537-47.
-
Wechsler H, Nelson TF. La consommation excessive d’alcool et l’étudiant américain : c’est quoi cinq verres ? Psychol. Toxicomane Behav. décembre 2001 ; 15(4):287-91.
-
Kuntsche E, Rehm J, Gmel G. Caractéristiques des grands buveurs épisodiques en Europe. Soc Sci Med. 2004 sept. ; 59(5):113-27.
-
Département de la Santé et des Services sociaux des États-Unis. Institut national de l’abus d’alcool Alcoolisme. Le conseil de la NIAAA approuve la définition de la consommation excessive d’alcool. Bulletin d’information NIAAA. 2004;3:3.
-
Courtney KE, Polich J. Consommation excessive d’alcool chez les jeunes adultes : données, définitions et déterminants. Psychol Bull. 2009 janv. 135(1):142-56.
-
Lange JE, Voas RB. Définir les quantités de consommation excessive d’alcool à partir des taux d’alcoolémie qui en résultent. Psychol Addict Behave. décembre 2001 ; 15(4):310-6.
-
Zhao G, Wu C, Houston RJ, Creager W. Les effets de la consommation excessive d’alcool et du statut socio-économique sur le comportement de conduite sobre. Traffic Inj Prev. 2010 août ; 11(4):342-52.
-
Brewer RD, Swahn MH. La consommation excessive d’alcool et la violence. JAMA. août 2005 ; 294(5):616-8.
-
Naimi TS, Brewer RD, Mokdad A, Denny C, Serdula MK, et al. La consommation excessive d’alcool chez les adultes américains. JAMA. 2003 Jan ; 289(1):70-5.
-
Silveira CM, Silveira CC, Silva JG, Silveira LM, Andrade AG, Andrade LHSG. Epidemiologia do beber pesado e beber pesado episódico no Brasil : uma revisão sistemática da literatura. Le Révérend Psiquiatr Clin. 2008 ; 35 supl 1:31-8.
-
Laranjeira R, Pinsky I, Sanches M, Zaleski M, Caetano R. Padrão de uso de álcool em brasileiros adultos. Révérend Bras Psiquiatr. Ensemble de 2010 ; 32(3):231-41.
-
Pinsky I, Sanches M, Zaleski M, Laranjeira R, Caetano R. Modèles de consommation d’alcool chez les adolescents brésiliens. Révérend Bras Psiquiatr. Septembre 2010 ; 32(3):242-49.
-
Sanchez ZM, Locatelli DP, Noto AR, Martins SS. Consommation excessive d’alcool chez les étudiants brésiliens : un gradient d’association avec le statut socio-économique dans cinq régions géo-économiques. Toxicomanie, alcool, dépendance. 2013 Jan ; 127(1-3):87-93.
-
Brasil. Lei nº 13.106, de 17 de março de 2015. Altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente, para tornar crime vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar bebida alcoólica a criança ou adolescente ; 63 do Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941 – Lei das Contravenções Penais. Diário Epidemiol. Saude, Brasília, 26(1) :195-198, janv.-mar 2017 Zila van der Meer Sanchez Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília (DF), 18 mars 2015 ; Seção 1:1.
-
Sanchez ZM, Prado MCO, Sanudo A, Carlini EA, Nappo AS, Martins SS. Tendances de la consommation d’alcool et de tabac chez les étudiants brésiliens : 1989 à 2010. Révérend Saude Publica. 2015;49:70.
-
Presidência da República. Gabinete de Segurança Institucional. Secretaria Nacional Antidrogas. I Levantamento Nacional sobre os padrões de consumo de álcool na população brasileira. Brasília : Secretaria Nacional Antidrogas ; 2007.
-
Sanchez ZM, Martins SS, Opaleye ES, Moura YG, Locatelli DP, Noto AR. Facteurs sociaux associés à la consommation excessive d’alcool : une enquête transversale auprès d’étudiants brésiliens dans des lycées privés. BMC Public Health 2011 Mar ;11:201.
-
Calafat A, Blay NT, Hughes K, Bellis M, Juan M, Duch M, Kokkevi A. Vie nocturne Les jeunes comportements à risque en Méditerranée par rapport à d’autres villes européennes : les stéréotypes sont-ils vrais ? Eur J Santé publique 2011 juin ; 21(3):311-5.
-
Associations de consommation excessive d’alcool avec les comportements à risque des clients et les effets de l’alcool après avoir quitté une boîte de nuit : différences entre les sexes dans l’étude d’enquête du portail « balada com ciência » au Brésil. PLoS One. août 2015 ; 10(8) :e0133646.
-
Carlini C, Andreoni S, Martins SS, Benjamin M, Sanudo A, Sanchez ZM. Caractéristiques environnementales associées à l’intoxication alcoolique chez les clients des boîtes de nuit brésiliennes. Drogue Alcool Rev. 2014 Jul ; 33(4):358-66.
-
Carlini CMA. Fatores ambientais associados ao uso de álcool e outras drogas, violência e sexo inseguro nas baladas de São Paulo [tese]. São Paulo : Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina ; 2016.
-
Brasil. Lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília (DF), 1990 set 12 ; Seção 1:1.
-
Marczinski CA, Fillmore MT, Stamates AL, Maloney SF. Le désir de boire de l’alcool est renforcé par des mélangeurs de boissons énergisantes à haute teneur en caféine. Alcool Clin Exp Res. 2016 sept. ; 40(9):1982-90.
-
Thombs DL, O’Mara R, Dodd VJ, Hou W, Merves ML, Weiler RM, et al. Une étude de terrain sur les boissons spéciales parrainées par les bars et leur association avec l’intoxication des clients. J Stud Alcool Drogues. mars 2009 ; 70(2):206-14.
-
Blay N, Calafat A, Juan M, Becoña E, Mantecón A, Ros M, et al. La violence dans les environnements nocturnes et sa relation avec la consommation d’alcool et de drogues chez les jeunes Espagnols. Psicothème. août 2010 ; 22(3):396-402.
-
Bellis MA, Hughes K, Calafat A, Juan M, Ramón A, Rodriguez JA et al. Usages sexuels d’alcool et de drogues et risques pour la santé associés : une étude transversale menée auprès de jeunes dans neuf villes européennes. BMC Santé publique. Mai 2008;8:155.
-
Kelley-Baker T, Mumford EA, Vishnuvajjala R, Voas RB, Romano E, Johnson M. Une nuit à Tijuana : la victimisation féminine dans un milieu à risque. J Alcohol Drug Educ. 2008 ; 52(3):46-71.
-
Livingston M, Chikritzhs T, Room R. Modification de la densité des points de vente d’alcool pour réduire les problèmes liés à l’alcool. Drogue Alcool Rev. 2007 sept. ; 26(5):557-66.
-
Hughes K, Anderson Z, Morleo M, Bellis MA. L’alcool, la vie nocturne et la violence : les contributions relatives de la consommation d’alcool avant et pendant les soirées aux résultats négatifs en matière de santé et de justice pénale. Accoutumance. 2008 Jan ; 103(1):60-5.
-
Downing J, Hughes K, Bellis MA, Calafat A, Juan M, Blay N. Facteurs associés aux comportements sexuels à risque : une comparaison des vacanciers britanniques, espagnols et allemands aux Baléares. Eur J Santé publique. 2011; 21(3):275-81.
-
Graham K, West P, Wells S. Évaluation des théories de l’agression liée à l’alcool à l’aide d’observations de jeunes adultes dans les bars. Accoutumance. 2000 juin ; 95(6):847-63.
-
Hughes K, Furness L, Jones L, Bellis MA. Réduire les méfaits dans les environnements de consommation d’alcool : preuves et pratiques en Europe. Liverpool : Centre de santé publique ; 2010.
-
Babor TF, Caetano R, Casswell S, Edwards G, Giesbrecht N, Graham K, et al. L’alcool : une denrée ordinaire. 2e éd. Oxford : Oxford University Press ; 2010.
-
Scherer M, Fell JC, Thomas S, Voas RB. Effets du magasin de boissons alcoolisées, de la formation responsable au service des boissons et des lois de contrôle de l’alcool de l’État sur les taux d’accidents mortels des conducteurs mineurs en état d’ébriété. Traffic Inj Prev. 2015 ; 16(Suppl 2) :S59-65.
-
Connor JL, Kypri K, Bell ML, Cousins K. Densité des points de vente d’alcool, niveaux de consommation d’alcool et dommages liés à l’alcool en Nouvelle-Zélande : une étude nationale. J Santé communautaire épidémiolienne. octobre 2011 ; 65(10):841-6.