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prevenção
Escola
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FEUSP

Como os educadores avaliam a prevenção nos ambientes escolares

O Freemind há muitos anos vem priorizando a questão da prevenção ao uso de substâncias psicoativas, por entender que esse é o caminho para minimizar os problemas decorrentes desse uso e tem trabalhado com pais, educadores e profissionais da área para levar capacitação de qualidade, baseada em evidência científica para todo esse público.

A cada dia que passa vemos que a idade de início da experimentação está menor, o que é um dado por si só bastante preocupante. Crianças de apenas 10 anos já relatam terem tido contato com as drogas.

O VI Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre estudantes do ensino fundamental e médio das redes pública e privada de ensino nas 27 capitais brasileiras, em 2010 já apontava a idade de 12 anos como referência para o início do uso de álcool no Brasil.

Altas prevalências do uso de outras drogas também são encontradas entre estudantes de ensino fundamental e médio. Isso só aumenta a responsabilidade que toda a sociedade tem de implantar e/ou intensificar ações de prevenção.

O fenômeno do uso de substâncias psicoativas na adolescência é considerado um elemento complexo, associado aos contextos escolares, familiares, sociodemográficos e comportamentais.

Se considerarmos que nossas crianças e jovens passam grande parte de suas vidas dentro de escolas, podemos entender a importância de que a prevenção seja abordada nos ambientes escolares.

Dessa maneira, é fundamental que os educadores - que têm grande contato com pessoas nessa faixa etária - estejam capacitados para enfrentar a situação, visto que tal uso afeta diretamente seu trabalho e está associado a diversos problemas, e entre eles, o comprometimento do desempenho escolar e o desinteresse acadêmico.

Mas será que nossas escolas, públicas ou privadas, estão preparadas para este tipo de abordagem? O que pensam os educadores sobre isso?

Como nossos educadores lidam com as dificuldades de trabalharem a questão das drogas nas escolas?

Um estudo publicado em 2018 na Revista Educação e Pesquisa, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, teve como objetivo avaliar percepções, dificuldades e ações de professores de ensino médio sobre suas atitudes em relação à abordagem da temática do uso de álcool e outras drogas em seu contexto de trabalho.

O espaço escolar proporciona a produção e intercâmbio de informação e conhecimento e também desenvolve a cidadania, além de ser um local de transformação social. Tais percepções possibilitaram aos educadores deste estudo despertar para a importância do desenvolvimento de ações educativas e preventivas no que se refere ao uso de drogas.

No entanto, o que se verificou no presente estudo foi a prática de atividades fragmentadas e pontuais. Alguns dos motivos para isso podem ser:

  1. A identificação do uso de drogas entre os alunos exige dos professores uma supervisão constante de comportamentos que sejam sugestivos de uso ou então, só é possível a partir do recebimento de informações de outros professores, funcionários ou mesmo alunos;
  2. Os educadores sentem-se inseguros e pouco capacitados para tratar do assunto drogas;
  3. Existe uma percepção de que apenas disciplinas de áreas como ciências e biologia teriam condições de abordar esses assuntos e há uma dificuldade muito grande de adaptar currículos de outras disciplinas para ações mais amplas e interdisciplinares;
  4. Os participantes do estudo também destacaram a falta de investimento dos gestores escolares na capacitação contínua ou no estímulo de professores com relação à questão das substâncias psicoativas entre seus alunos e alunas, sendo escassas as ações voltadas à formação dos educadores por meio de cursos, orientações, entre outros investimentos;
  5. Alguns entrevistados referiram já ter executado ou estar desenvolvendo alguma atividade referente à abordagem do uso de substâncias psicoativas em sala de aula (principalmente voltadas à promoção de saúde e prevenção do uso). No entanto, demonstram não acreditar que sua atuação seja efetiva, impactante ou transformadora, gerando uma postura pessimista frente ao tema;
  6. O cumprimento de um extenso conteúdo programático a ser dado em um curto período comumente os impede de inserir esse assunto na grade de atividades dos estudantes;
  7. A carga horária de trabalho excessiva de alguns professores (que, muitas vezes, trabalham em 3 turnos diferentes) dificulta a criação de vínculos com a escola e seus alunos;
  8. O temor de exposição a situações de violência e a falta de informações sobre como enfrentar, direcionar ou buscar outros recursos para alunos que já estão envolvidos com o consumo de substâncias é outra dificuldade apontada pelo estudo.

Apesar das dificuldades elencadas, os entrevistados relataram que já foram tomadas, em algum momento, ações como pesquisas, debates, palestras, depoimentos, construção de materiais educativos e vídeos como parte de suas ações laborais, além de atividades lúdicas e aulas motivadas pelo tema e que visam estimular a reflexão e diálogo sobre a questão das substâncias psicoativas na escola. Isto ilustra os esforços feitos pelos professores e demonstram sua responsabilização perante o problema.

Este estudo propõe que é necessário criar formas práticas de oferecimento de capacitações específicas sobre o uso de substâncias psicoativas aos gestores escolares e educadores, investir na implementação de espaços de discussão e reflexão dentro da escola entre docente e discentes e construir um trabalho em rede intersetorial, visando melhor enfrentamento da problemática em âmbito escolar.

Quer saber mais sobre este estudo? Acesse o texto na íntegra: https://www.scielo.br/j/ep/a/vb8sRDSZvcjnWwQQ5x4MSTf/?lang=pt&format=pdf

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