Saúde mental e fatores relacionados entre estudantes de graduação durante a pandemia de SARS-CoV-2: um estudo transversal
Contexto: Problemas de saúde mental entre estudantes universitários são um importante problema de saúde pública. A maioria dos estudos que exploram a saúde mental nessa população durante a pandemia foi conduzida em países de alta renda. Menos estudos vêm de países da América Latina. O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência de depressão, ansiedade, estresse, insônia e risco de suicídio e explorar a associação com várias variáveis relevantes nos domínios pessoal, familiar, universitário e pandêmico de SARS-CoV-2.
Métodos: Estudo transversal realizado no Chile em uma universidade privada de médio porte. As variáveis de desfecho foram exploradas com instrumentos válidos: Depression, Anxiety, and Stress Scale (DASS-21), Insomnia Severity Index (ISI) e Columbia-Suicide Severity Rating Scale (C-SSRS). Variáveis independentes dos domínios pessoal (por exemplo, sexo, idade, orientação sexual, história de problemas de saúde mental, uso de substâncias), familiar (por exemplo, histórico educacional dos pais, história familiar de problemas de saúde mental, funcionamento familiar), universidade (por exemplo, ano do curso, apoio financeiro, senso psicológico de pertencimento à universidade, história de sujeitos reprovados) e SARS-CoV-2 (por exemplo, história de contágio pessoal e familiar, medo de contrair SARS-CoV-2, frequência de atividade física, mantendo rotinas e contato social). Modelos de regressão logística multivariável foram conduzidos para cada desfecho, seguindo modelos univariáveis e multivariáveis de domínio específico. A variável significativa em cada etapa foi selecionada se o valor de p fosse ≤0,05.
Resultados: Um total de 5.037 estudantes responderam à pesquisa – a taxa de resposta global de 63,5%. A maioria dos alunos era do sexo feminino (70,4%) e ingressantes (25,2%). A prevalência de problemas de saúde mental foi alta: depressão (37,1%), ansiedade (37,9%) e estresse (54,6%). Insônia foi relatada em 32,5% dos estudantes, e risco de suicídio em 20,4% dos estudantes. As variáveis associadas no domínio pessoal foram história de problemas de saúde mental, uso de substâncias e orientação sexual; no domínio familiar, funcionamento familiar e história familiar de problemas de saúde mental; no âmbito universitário, vitimização da violência e sentimento de pertencimento; e no domínio SARS-CoV-2, ter uma rotina diária e medo de contrair SARS-CoV-2 pelos próprios alunos ou outros.
Conclusões: A prevalência de problemas de saúde mental é alta entre estudantes universitários e alguns dos fatores associados, como vitimização e sentimento de pertencimento, podem ser utilizados em intervenções preventivas.
